As pessoas são estranhas. Sabe-se lá o que se passa em suas cabeças. Um movimento em falso ou palavra errada, inexplicavelmente, apaga, ainda que momentaneamente, os muitos anos de convivência. Descontroladas pela ira, contrapondo-se o amor, elas se esquecem que mais importante que se sobressair em uma situação, é o valor de um amigo, de um amante, de um pai, de uma mãe, de um desconhecido ou de qualquer um que seja. Não, eu não sou anormal, obviamente também estou incluído nessa triste verdade. O sangue sobe à cabeça, as sobrancelhas se curvam apertando os olhos vermelhos de raiva, e, no limiar do descontrole, a gente escolhe não se controlar, falamos tudo o que queremos sem pensar nas conseqüências, ou às vezes até pensamos, mas para falar a verdade, nem nos importamos, 'não estamos nem ai'.
Algumas vezes o arrependimento vem no primeiro segundo seguinte, mas o orgulho é grande demais para se calar, e maior ainda para pedir perdão. A essa hora do outro lado da história já tem alguém com o coração negro de raiva e a mágoa já disputa espaço com a sede de justiça própria, para não dizer vingança. E enfim terá a mesma quase incontrolada reação. Quando não, ela irá se calar. Não numa atitude de amor, mas alimentando aquele ódio penetrante, que em breve se tornará a doença da amargura.
Estando ou não com a razão ambos são bons demais para se rebaixar a ponto de pedir perdão. O limite de sua humildade se restringe a expressões como essa: 'Eu até pediria perdão, mas eu não estou errado.' 'Se me pedir perdão, eu perdôo numa boa.' Sim, já é um começo, mas não é suficiente. Pedir perdão quando a culpa não foi sua talvez seja tão difícil como voltar de um lugar que você nunca foi. Perdoar alguém que expôs sua nudez e rebaixou sua moral parece difícil quando o que você quer mais quer é “retribuir o favor”. O tempo passou e até hoje agente maquina planos mirabolantes de como atingir de alguma forma o ego da pessoa que feriu o nosso. Agente pode até fingir que não, mas até estar no mesmo lugar te faz um mal danado. Por mais engraçada que seja a piada que ela conte, agente não acha graça nenhuma, e quando acha, segura o riso e mantém a cara fechada. Talvez Shakespeare tivesse razão quando disse que 'Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.'
Fazer um belo discurso sobre o que Deus acha de tudo isso me faz parecer um fariseu. Mas não me importo muito com isso. O que eu sei é que eu já fui ferido, já feri muitas pessoas, e já vi muitas pessoas se ferindo por causa da falta de amor. Jesus, a personificação do amor, sendo Deus, se rebaixou a posição de homem e sendo homem se rebaixou a condição de o pior dos homens. Ele tinha todas as justificativas possíveis para não se sujeitar. Ele poderia se quisesse. Mas não quis. Ele entendeu que se negasse sua reputação, seus prazeres e até sua vida, ele salvaria a muitos. Não é apenas uma questão de princípios, o fato é que nós somos a imagem de Cristo neste mundo. Talvez nem sempre, ou quase nunca consigamos, mas o objetivo é agir identicamente a Ele. Não pense que eu estou sendo legalista e querendo que todo mundo seja 'certinho' e tal. Ou melhor, eu quero sim, mas não de forma legalista, tudo isso debaixo da graça e do amor de Deus. É difícil manter a calma quando você está tomado de ira. É difícil perdoar quando você está tomado de mágoa. Sim, é muito difícil, mas não é nada comparado à abnegação de Jesus. Se um dia quisermos ao menos se parecer com Ele, o mínimo que podemos fazer é aquilo que Ele mais fez: AMAR. E não falo daquele amor que você assiste todos os dias na novela das oito ou em um filme qualquer, falo do Amor na sua essência: 'Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.' Dar a vida, a reputação, o orgulho. Vale à pena amar. Ainda que você não receba nada em troca, não há maior satisfação do que saber que está tendo a mesma atitude de Jesus. Mas de qualquer maneira, não há quem resista ao magnetismo do amor. Se constantemente agirmos com amor, mais cedo ou mais tarde esse amor dará fruto. É na hora do vamos ver é que é difícil lembrar disso, mas sem esforço, nunca iremos conseguir. O que antes era impossível, com o passar do tempo, após insistente rotina de repetição, ela se torna hábito. Ora ou outra o nosso ego vai tentar mostrar que ele ainda está lá, tentando se esquivar de qualquer tipo de humilhação, mas mal sabe ele que a cada dia q passar ele vai perder o seu espaço em nossos corações. Renunciar à nós mesmo é desgastante, mas é também desproporcionalmente mais gratificante. A maior expressão de Deus em Jesus é o amor, e essa também é a maior revelação de Jesus que as pessoas podem ver em nós. 'Vai onde não há amor, e ama!'
Realmente, renunciar a sí mesmo é muito complicado... Vai contra a natureza carnal.
ResponderExcluirobras da carne - prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas,
fruto do Espírito - caridade (amor em ação), gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Se prestarmos atenção vamos ver que as concequências das obras da carne são para o EU, encontram um fim em nós mesmos. Enquanto os BENEFÍCIOS, do fruto do espirito é sempre para o próximo, em primeira estância e depois (espiritualmente, moralmente e eticamente) para nós.
Amar, ser como Cristo é viver para Deus e depois para próximo.
Pensarei mais no assunto! Parabéns...
Léko - okelblog.blogspot.com
Rafael gostei muito da sua postagem, me fez abrir os olhos e o coração pra alguns problemas que tenho enfrentado, entendi que por mais dificil que seja é preciso amar como Jesus e ser movido somente pelo amor dele. Obrigado a vc e a Deus.
ResponderExcluirhttp://phaelmarques.blogspot.com/
Rafael me identifiquei muito com o que vc escreveu, são situações reais que passamos todos os dias.E passa ano e vem ano e cometemos o mesmo erro.Gostei muito que Deus abençõe sua vida.
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